cicuta
cicuta Conium maculatum | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Classificação científica | |||||||||||||||
| |||||||||||||||
Nome binomial | |||||||||||||||
Conium maculatum L. |
Conium maculatum L., conhecida pelo nome comum de cicuta (não confundir com o género Cicuta), [1] é uma espécie herbácea pertencente ao género Conium da família Apiaceae. A planta é conhecida por dela se extrair a cicuta, uma potente mistura de alcalóides, entre os quais a cicutina, utilizada na Europa desde a antiguidade clássica como veneno. Em 399 a.C. o filósofo Sócrates foi condenado à morte por ingestão de uma tisana de cicuta.
Descrição[editar | editar código-fonte]
Planta herbácea com 1,5-2,5 m de altura, com caules ocos e estriados, de cor verde-escura, mas manchados com estrias purpúreas na região basal. A planta é em geral muito ramosa na parte superior. A seiva é venenosa, caracterizando-se por emitir um odor desagradável, semelhante a urina.
As folhas são brandas, fétidas, verdinegras, triangulares e divididas em folíolos elípticos, pontiagudos e dentados com até 50 cm de comprimento e 40 cm de largura.
Os frutos são ovalados, de coloração verde-acinzentada, com aproximadamente 3 mm de diâmetro. As sementes são pequenas e de coloração negra ou cinzento-escura.
A espécie tem distribuição natural na Europa e no Médio Oriente, mas encontra-se naturalizada na América do Norte e em algumas regiões da Argentina. Prefere ambientes nitrófilos, húmidos e umbrosos, como as margens de cursos de água, periferia de campo e clareiras em bosques abertos. Apresenta comportamento ruderal, sendo frequente em campos abandonados e depósitos de entulhos.
A planta é muito semelhante a Petroselinum crispum ou a Foeniculum vulgare, distinguindo-se contudo pelo seu verde mais escuro, pelo odor e pela presença de mancas arroxeadas na base do caule.
Toxicidade[editar | editar código-fonte]
A planta é rica em alcalóides, entre os quais se destacam os glucósidos flavónicos e cumarínicos e um óleo essencial rico em coniceina e cicutina (também designada por conina, conicina ou coniína), uma neurotoxina que inibe o funcionamento do sistema nervoso central, produzindo um quadro patológico designada por "cicutismo". O efeito desta toxina é semelhante ao produzido pelo curare.
A concentração da cicutina no material vegetativo fresco varia com o estado de maturação e com as condições climáticas, sendo maior nos frutos verdes (0,73-0,98%), nos frutos maduros (0,50%) e nas flores (0,09-0,24%).
Alguns gramas de frutos verdes são suficientes para provocar a morte de um humano (os ruminantes e as aves parecem ser resistentes). Os cavalos e os burros são pouco sensíveis, mas é um veneno violento para os bovinos, os coelhos e os carnívoros.
Nos humanos, a ingestão provoca cerca de uma hora depois transtornos digestivos (especialmente quando a raiz é ingerida), vertigens e cefaleias, parestesias, descida da temperatura corporal, redução da força muscular e, finalmente, uma paralisia ascendente. A morte pode sobrevir devido a insuficiência renal provocada pelas violentas convulsões, e pela consequente destruição muscular, ou devido às alterações no ritmo respiratório, que inicialmente é acelerado e depois deprimido, o que pode conduzir à morte por asfixia.
Podem ocorrer intoxicações por ingestão acidental da planta dadas as suas semelhanças com a salsa, o funcho, o aipo e algumas outras apiáceas utilizadas como alimento ou condimento, apesar de existirem consideráveis diferenças entre estas plantas e a cicuta, nomeadamente o odor, o tamanho e as manchas arroxeadas nos caules, uma característica distintiva das plantas do géneros Conium.
Etnobotânica[editar | editar código-fonte]
A cicuta tem sidos utilizada em algumas medicinas tradicionais pelas suas propriedades antiespasmódicas e como sedante para acalmar dores persistentes e intratáveis, como as produzidas por algumas formas de cancro e por neuralgias[2] Era usado como antiespasmódico e analgésico e pela sua acção sobre o pneumogástrico e as terminações nervosas sensitivas. Era considerada como galactófugo, Foi usada no tratamento das neuralgias.[3]
Na antiguidade clássica, os médicos árabes e gregos utilizavam a cicuta no tratamento de diversas patologias, entre as quais a artrite. Contudo nem sempre era eficaz e os riscos eram muito grandes, pois a diferença entre uma dose terapêutica e uma dose tóxica é muito pequena. A sobredose produz secura na boca, dificuldade em engolir, dilatação das pupilas (midríase), náuseas, paralisias musculares, e finalmente paragem respiratória e asfixia, ainda que a vítima permaneça lúcida até falecer.
Na antiguidade clássica a intoxicação por cicuta foi usada pelos gregos para tirar a vida aos condenados a pena de morte. O caso mais paradigmático do uso deste método de execução foi a morte de Sócrates, consumada pela ingestão de uma infusão à base de cicuta no ano de 399 a.C. Após ingerir a cicuta, Sócrates passeou pelo quarto, como lhe haviam recomendado, até que sentiu as pernas pesadas. Deitou-se de costas para que, em intervalos, lhe examinassem os pés e as pernas, até que deixou de os sentir. Sócrates começou então a ficar frio e enrijecido, até que sobreveio a morte (ver: A Morte de Sócrates).
Como princípios activos contém alcalóides derivados da piperidina, nomeadamente a conina ou cicutina, a metilcicutina, conhidrina e a pseudoconhidrina, para além de diversas gomas e resinas, pectina, sais minerais, carotenos, ácido cafeico e ácido acético.[3][4][5][6]
Atenção: Jamais confie nas informações da Wikipédia como fonte única para identificar plantas a serem consumidas seja por pessoas ou por animais domésticos.