
NOME CIENTÍFICO: Bidens pilosa L.

FAMÍLIA BOTÂNICA: Asteraceae.
SINONÍMIA
Carrapicho, carrapicho-agulha, carrapicho-cuambu, carrapicho-de-agulha, carrapicho-de-duas-pontas, carrapicho-picão, coambi, cuambri, cuambú, erva-de-picão, erva-picão, erva-pilão, fura-capa, furacapa, goambú, macela-do-campo, paconca, picão, picacho, picacho-negro, picão-do-campo, picão-preto, pico-pico, piolho-de-padre.
HABITAT
Espécie autóctone da América tropical, cosmopolita, que ocorre espontaneamente a beira de estradas, áreas ruderais e em áreas agrícolas como planta infestante de lavouras.
FITOLOGIA
Planta herbácea, anual, ereta, glabra ou algo pubescente, de ramos dicotômicos, com 30 a 80cm de altura. Caule quadrangular, liso, com ramificação dística. Folhas opostas, as superiores alternas, pecioladas, 3-divididas, com segmentos ovais a lanceolados, com 2 a 7cm de comprimento, serrados, agudos ou acuminados, as superiores nem sempre divididas. Capítulos de flores tubulares e radiadas, amarelas. Invólucro campanulado com flores do disco perfeitas, perfeitas, com corola tubular, 5-dentadas. Aquênios planos, colunar-fusiformes, pretos, desiguais, os interiores mais compridos que o invólucro, o ápice é coroado por 2 a 4 saliências que permitem a aderência do fruto às roupas e pêlos.
SOLO
Prefere os areno-argilosos, férteis, úmidos e revolvidos.
CLIMA
A planta desenvolve-se bem em climas quentes e frios, mas ocorre espontaneamente principalmente na primavera e verão.
AGROLOGIA
- Espaçamento : 0,3 x 0,3m.
- Propagação: sementes, que são fotoblásticas positivas. São semeadas diretamente a campo. Não devem ser enterradas além de 1cm de profundidade.
- Plantio: outono.
- Florescimento: primavera, verão e outono.
- Colheita: inverno.
- Produção de sementes: cada planta produz 3.000 a 6.000 sementes, todas prontamente viáveis após a maturação. Isto permite 3 a 4 gerações por ano (209).
PARTES UTILIZADAS
Toda a planta.
FITOQUÍMICA
Hidrocarbonetos e fitosteróis, policatilenos (ação cercaricida), poliacetilenos (ação fungicida e bactericida) (31 1994); fenilacetileno (1-fenil-1,3-diin-5-en-7-ol-acetato), dois glicosídeos (flavona matoxilado – quercetin-3,3′-dimetoxi-7-0-a-L-ramnopiranosil-(1®6)-b-D-glucopiranose e quercetin-3,3′-dimetoxi-7-0-b-D-glucopiranose) (51), aminas, esteróis, triterpenos, flavonóides, chalconas, sílica, fenilheptatriino, okanina-3-glicosídeo, quercetina, ácido nicotínico, ácido tânico, ácido-p-cumárico, glicosídeos de aurona (179) ácido salicílico, taninos, limoneno, candineno, timol, a-pineno, a-felandreno, sais de potássio, cálcio e fósforo (257), mucilagem e bioflavonóides (145). Determinou-se na matéria sêca da planta, colhida antes do florescimento, 13,64% de substâncias nitrogenadas, 2,62% de lipídicas, 48,99% de não-nitrogenadas, 23,71% de fibrosa e 11,04% de mineral. A fração mineral contém 36,77% de óxido de potássio, 17,86% de óxido de cálcio, 8,43% de ácido silícico, 6,69% de ácido fosfórico e 1,43% de sílica (93).
PROPRIEDADES ETNOTERAPÊUTICAS
É hipoglicemiante drástica (153; 266), depurativa (345), hemostática, expectorante (285), antiartrítica, diurética, cicatrizante, antisséptica, anti-hemorroidária (179), antipirética, antiinflamatória, antiemética, tranquilizante, emenagoga, catártica, tônica do sangue (266), antidiarréica (as flores) (285), vulnerária, vermífuga, antibiótica (145), anti-reumática (215), desobstruente do fígado, antidisentérica, sialogoga (68), odontálgica (a raiz), estimulante, antiescorbútica (209), amarga, mucilaginosa, antileucorréica (93) e hepatoprotetora.
INDICAÇÕES
As folhas trituradas são utilizadas como cataplasmas sobre feridas e tumores, a infusão da planta abranda cólicas, as sementes tostadas são colocadas sobre cortes, o decocto das folhas é útil contra infecções do estômago e rins e para a angina, o suco mitiga odontalgias, oftalgias e otorrinalgias, e serve de antídoto em casos de envenenamento (285). As folhas mastigadas controlam aftas. Banhos com o chá da planta controlam irritações da pele (266). As raízes combatem cefaléias. Utiliza-se ainda para resfriados, utilizando-se as flores cozidas com açúcar (Duke, apud 179), irritação interna, hemorragia pós-parto, gastroenterite, icterícia, inflamações da boca e da garganta, úlceras gastroduodenais (179), distúrbios hepáticos, indigestão (153), hepatite (9), colesterol (345), dores osteoarticulares (92), faringite, amigdalite (68) e engorgitamento das glândulas mamárias (93).
FARMACOLOGIA
Antiulcerosa (16). O extrato aquoso da planta inteira tem ação hipoglicemiante em ratos com hiperglicemia induzida por aloxano (325) e hipotensiva (Nas, citado por 179). A planta apresenta ação hipoglicemiante comprovada por via oral (414).
ATIVIDADE BIOLÓGICA
A fenilheptatriina existente na planta, demonstra atividade anti-helmíntica, antiprotozoária (295) e microbiana in vitro frente às bactérias Gram-positivas, Rhizoctonia solani, leveduras e dermatófitos (48). Apresenta atividade in vitro contra Plasmodium berghei e Plasmodium falciparum, agentes da malária (51).
FORMAS DE USO
- Infusão:
Þ 1 xícara das de cafezinho da planta picada em ½ litro de água. Tomar 1 xícara das de chá a cada 4 horas.
- Gargarejo: usar a infusão para amigdalite e faringite.
- Compressas: utilizar o suco ou a infusão em feridas, úlceras, hemorróidas, assaduras e picadas de insetos (145).
- Decocção: ferver 10 colheres das de chá de folhas em 1 litro de água. Depois de frio, fazer abluções ou compressas tópicas. Pode ser também utilizado em gargarejos (afecções bucais).
- Suco: obtido de folhas frescas, contusas. Aplica-se topicamente na forma de compressas em feridas e úlceras (68).
- Banho: utilizar a infusão 2 vezes ao dia (vulnerário e anti-séptico).
TOXICOLOGIA
É atóxica para seres humanos porém é altamente tóxica para alguns insetos e larvas (Martinez, apud 179). Os poliacetilenos existentes na planta, especialmente o fenilheptatriino – o composto mais fotoativo, são fototóxicos para as bactérias, fungos e fibroblastos humanos em presença de luz solar, luzes artificiais ultravioletas e fluorescentes branca (439).
OUTRAS PROPRIEDADES
- Na África é utilizada pelos nativos negros como salada.
- Nas Filipinas é utilizada no preparo de uma bebida denominada “sinitsit”.
- É ótima forragem para coelhos.
- A planta é hospedeira de vários nematóides, fungos, viroses, pulgões e coleópteros (209).