terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

ARRUDA

Ruta graveolens

A arruda é conhecida popularmente como a planta que espanta o mal olhado, também é utilizada na sabedoria popular para provocar o aborto, fazendo descer a menstruação.

Descrição : Planta da família das retaceas, também conhecida como arruda doméstica, arruda de jardins, arruda fedorenta e ruta-de-cheiro-forte.
Trata-se de uma arbustiva muito cultivada em vasos e jardins de todo mundo, devido a suas flores de aroma forte.
Tem consistência lenhosa, de caule ramificado desde na base.
Atinge de 40 à 60 centímetros de altura, granulosa e de coloração verde amarelada.
Possui pequenas folhas verde cinzentas compostas, alternadas, pecioladas, carnudas, glaucas, bracteadas e divididas em segmentos como lobos iguais.
Suas flores são verde amarelada com frutos capsulares e sementes rugosas.
O fruto é capsular, de quatro ou cinco lobos, salientes e rugosos, abrindo-se superior e inteiramente em quatro ou cinco valvas.
Partes utilizadas : Folhas e Flores.
Origem : Sul da Europa
Propriedades :
Analgésica, béquica, emoliente e anti-helmíntica, indicada nos casos de supressão da menstruação, por seu efeito emenagogo.
Também possui efeitos abortivos.
Indicações :
Para que serve a arruda.
É empregada como emplasto no peito para combater a tosse.
É muito usada para combater piolhos e coceiras.
Cuidados : A planta tem um potencial terapêutico muito grande, mas seu uso interno deve ser alicerçado em formulações estandardizadas e com acompanhamento clínico, devido a sua grande toxidade.
"Durante a gravidez, a arruda tem efeito especial sobre o útero: ela congestiona este órgão, estimula dores musculares, provoca-lhes a contração, ocasiona uma hemorragia grave, às vezes o aborto e a morte.
Acrescentamos que o aborto é raro e que a administração dessa substância com um fim criminoso pode acarretar morte sem que haja parto."
Princípios Ativos :
Rica em arborina, arborinina, egama-fagarina;
alcaloides nas raízes: acridonas - rutacridona e hidroxirutacridona;
Outros alcaloides: graveolina, graveolinina, kokusaginina, rutacridona, e esquimianina.
Flavonoides: rutina, óleo volátil: nonilcetona metílica, cetonas, ésteres, efenóis; furocumarinas: bergapteno, psoraleno, xanloxanlina, xantotoxina, isopimpinelina, e rutamarina; a hexo-dehydrochalepina foi sintetizada a partir da rutamarina.
A substância chamada rutina é a responsável pelas principais propriedades da arruda. Ela é usada para aumentar a resistência dos vasos sanguíneos, evitando rupturas e, por isso é indicada no tratamento contra varizes.
Muito usada na medicina popular para aliviar dores de cabeça e, segundo os especialistas, isso pode ser explicado porque ela apresenta um óleo essencial que contém undecanona, metilnonilketona e metilheptilketona. Todas essas substâncias possuem propriedades calmantes e, ao serem aspiradas, aliviam as dores e diminuem a ansiedade.
História :
Desde a antiga Grécia, era usada para afastar doenças contagiosas, mais seu ponto forte era ser usada contra o mal olhado. A arruda é citada em muitas obras clássica, como William Shakespeare, na obra Hamlet, se refere à arruda como sendo "a erva sagrada dos domingos". Dizem que ela passou a ser chamada assim, porque nos rituais de exorcismo, realizados aos domingos, costumava-se fazer um preparado à base de vinho e arruda que era ingerido pelos "possessos" antes de serem exorcizados pelos padres.
No Brasil colônia os escravos africanos usavam-na contra mau-olhado. Numa famosa pintura intitulada "Viagem Histórica e Pitoresca ao Brasil, o artista Jean Debret retrata o comércio da arruda realizado pelas escravas africanas.
O galho de arruda era vendido como amuleto para trazer sorte e proteção. E não eram apenas as escravas que usavam os galhinhos da planta ocultos nas pregas de seus turbantes - as mulheres brancas colocavam o galhinho estrategicamente escondido nos seios. Outro fator teria reforçado o valor da arruda naquela época: a infusão feita com a planta era usada como uma espécie de anticoncepcional e abortivo.
Nas cerimônias da igreja católica, no início da era cristão, fazia raminhos de arruda para espargir água-benta nos fiéis. Nessa época acreditava-se que as bruxas só poderiam ser destruídas com grandes poderes como o do fogo - a arruda reafirmou sua fama, pois seus ramos eram usados como proteção contra as feiticeiras.
Há séculos, divulga-se que a planta apresenta propriedades muito ligadas ao desejo sexual masculino e feminino, mas de formas diferentes: seria um anafrodisíaco (ou antiafrodisíaco) para os homens e um excitante para as mulheres.
Ainda não foi possível comprovar a veracidade dessas indicações, entretanto, nos escritos (datados de 1551) de Hieronymus Bock, considerado um dos primeiros botânicos da história, havia a recomendação para que monges e religiosos ingerissem a arruda, misturada aos alimentos e às bebidas, para garantir a pureza e castidade. A verdade é que esta planta era realmente muito abundante nos jardins dos mosteiros.
Modo de Conservar : A planta inteira florida deve ser seca ao sol, em local ventilado e sem umidade. Guardar em sacos de papel ou de pano.
Plantio - Veja como plantar e cuidar de seu pezinho de arruda.
Multiplicação: Por estaquias (mudas) e sementes; em locais quentes e ensolarados. A arruda se dá muito bem em solos levemente alcalinos, bem drenados e ricos em matéria orgânica.
Cultivo: Prefere solos secos e orgânicos, desenvolve-se em qualquer clima. É exigente em irrigação e adubação orgânica. Produz-se mudas com estacas dos ramos e depois de 2 ou 3 meses planta-se no local definitivo em espaçamento de 0,5 metro entre plantas em fileiras de 1 metro entre elas. A adubação orgânica deve ser feita nos sulcos ou nas covas 15 dias antes do plantio;
Colheita: A colheita deve ser feita na floração, colhem-se os ramos com folhas verdes (existe a arruda "macho" e a "fêmea" de folhas menores).
Toxicologia: Os extratos revelaram positividade em testes experimentais de mutagenicidade, mas a importância clínica deste resultado não foi estabelecida. A toxicidade das folhas secas é provavelmente menor do que aquela das folhas frescas por causa da perda do óleo volátil. Uma tintura de R. graveolens exibiu uma fotomutagenicidade marcante de grau variável, baseados nas várias concentrações de alcaloides presentes na solução.
Grandes doses (mais de 100mL de óleo ou aproximadamente 120g de folhas em 1 única dose) podem causar uma dor gástrica violenta, vômito, e complicações sistêmica, incluindo a morte. Uma única dose oral de 400 mg/kg administradas às cobaias foi relatada ser fatal, causando hemorragias das glândulas adrenais, do fígado, e do rim. Porém uma dose oral diária de 30 mg administrada por 3 meses a voluntários humanos não resultou em uma função hepática anormal.
Contra indicação e cuidados : Na gestação e na lactação é contraindicada em ambos os casos. Não deve ser ingerida por mulheres em idade fértil, gravidez, lactação, crianças, idosos, pessoas sensíveis.
Efeitos colaterais: O efeito antispasmódico ocorre em doses relativamente pequenas, o planta somente deve ser usada com acompanhamento de profissional gabaritado.
As furocumarinas foram associadas com uma fotossensibilidade, resultando em bolhas na pele após o contato com a planta seguida por exposição solar. Isso ocorre em pessoas que coletam a arruda fresca e também foi relatado em pessoas que esfregaram a arruda fresca na pele como um repelente de insetos. O óleo volátil é irritante, podendo resultar em danos renais e degeneração hepática se ingerido.

arruda
arruda - floresarrudaarruda
Superdosagem: Acima de 1 g em uso interno.
Farmacologia:
O óleo tem um gosto amargo forte e foi usado para o tratamento de parasitas intestinais. O extrato da arruda é potencialmente útil como um bloqueador do canal de potássio.
Tem sido usado para tratar muitos problemas neuromusculares e para estimular a menarca. Devido ao efeito antiespasmódico em doses relativamente baixas, a arruda não deve ser usada em manipulações caseiras. A planta da arruda e seus extratos, em particular o chá e o óleo, possuem efeitos antiespasmódicos nos músculos lisos.
Esta ação farmacológica foi atribuída aos alcaloides arborina e a arborinina e as cumarinas, particularmente a rutamarina. Enquanto a meia-vida farmacológica da arborinina é similar àquela da papaverina, a meia-vida da rutamarina é aproximadamente 20 vezes maior. Estes efeitos espasmolíticos lambem foram observados no músculo liso gastrointestinais isolado.

O extrato da R. graveolens foi estudado como um potencial bloqueador de correntes iônicas pelo canal de potássio em células nervosas mielinizadas. Os efeitos abortivos do chá e de óleo da arruda são bem documentados.
O efeito abortivo pode ser causado por uma ação antimplantação ou por um estado generalizado de toxicidade sistêmica resultando na morte do feto. Mais de 15 compostos possuem atividade antibacteriana e antifúngica in vitro.
Os alcaloides do tipo acridona são os compostos antimicrobiais mais potentes, as cumarinas somente inibem o crescimento bacteriano em doses elevadas. O óleo essencial e os flavonoides testados não mostraram nenhuma atividade.
Outros investigadores encontraram que vários componentes da arruda interagem diretamente com o maquinário celular de replicação do DNA, assim impedindo a propagação de alguns vírus. A folha da arruda é dita aliviar o câncer da boca, assim também como tumores e verrugas. Na medicina chinesa, a arruda é usada como um vermífugo e para mordida de insetos.
Resultados de estudos em animais: Um estudo relata que o efeito do espasmódico da arborinina no músculo coronário do porco é tão potente quanto aquele produzido pela papaverina, enquanto a rutamarina mostrou ser 20 vezes mais eficaz do que a papaverina. Os efeitos antiespasmódicos destes compostos lambem foram reversíveis. Uma ação antifertilidade da R. graveolens foi relatada em ratos. Em 1 relatório, a chalepensina identificada como o componente ativo, aluando na fase inicial da gravidez.
Resultados de estudos clínicos A arruda foi usada para tratar muitas doenças, incluindo a epilepsia, o cansaço visual, a esclerose múltipla, a paralisia de Bell, e as condições cardíacas. Foi usada também como um estimulante uterino para promover o início da menstruação