sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Caju

Caju


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Anacardium occidentale (Franz Eugen Köhler - 1887)
Anacardium occidentale (Franz Eugen Köhler - 1887)
Classificação científica
Reino:Plantae
Filo:Tracheophyta
Classe:Magnoliopsida
Ordem:Sapindales
Família:Anacardiaceae
Género:Anacardium
Espécie:A. occidentale
Nome binomial
Anacardium occidentale
L.
caju[nota 1] é muitas vezes tido como o fruto do cajueiro (Anacardium occidentale) quando, na verdade, trata-se de um pseudofruto.
O que entendemos popularmente como "caju" se constitui de duas partes: o fruto propriamente dito, que é a castanha; e seu pedúnculo floral, o pseudofruto, um corpo piriforme, amarelo, rosado ou vermelho.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Na língua tupiacaiu (caju) significa noz que se produz.[1]
Na tradição oral sabe-se que acayu ou aca-iu refere-se a ano, uma vez que os indígenas contavam a idade a cada floração e safra.[2]

O pseudofruto e fruto (propriedades e beneficiamento)[editar | editar código-fonte]

Cajueiro frutificando no município de Cascavel, no Ceará, um dos grandes produtores de caju no estado
O caju, o pseudofruto, é suculento e rico em vitamina C e ferro. Depois do beneficiamento do caju, preparam-se sucosmeldoces, como cajuada, caju passasrapadura de caju. Como seu suco fermenta rapidamente, pode ser destilado para produzir uma aguardente o cauim.[1] Dele também são fabricadas bebidas não alcoólicas, como a cajuína.
Muito antes do descobrimento do Brasil e antes da chegada dos portugueses, o caju já era alimento básico das populações autóctones. Por exemplo: os tremembé já fermentavam o suco do caju, o mocororó, que era e é bebido na cerimônia do Torém.[3]
Existe uma variedade enorme de pratos feitos com o caju e com a castanha de caju.[4]
De suas fibras (resíduo/bagaço), ricas em aminoácidos e vitaminas, misturadas com temperos, é feita a "carne de caju".[5][6]
Fruto com pseudofruto.
O fruto propriamente dito é duro e oleaginoso, mais conhecido como "castanha de caju", cuja semente é consumida depois do fruto ser assado, para remover a casca, ao natural, salgado ou assado com açúcar.
A extração da amêndoa da castanha de caju depois de seca, é um processo que exige tempo, método e mão-de-obra.
O método de extração da amêndoa da castanha de caju utilizado pelos indígenas era a sua torragem direta no fogo, para eliminar o "Líquido da Castanha de Caju" ou LCC; depois do esfriamento a quebra da casca para a retirar a amêndoa.
Com a industrialização este método possui mais etapas: lavagem e umidificaçãocozimento, esfriamento, ruptura da casca, estufamento.[7]
A amêndoa da castanha de caju é rica em fibras, proteínas, minerais (magnésioferrocobre e zinco), vitamina Kvitamina PPcomplexo B (menos a vitamina B12), carboidratosfósforosódio e vários tipos de aminoácidos.
Castanha de caju
No entanto, a castanha de caju não possui quantidades relevantes de vitamina Avitamina D e cálcio.[8] Acredita-se que a castanha do caju contribua no combate às doenças cardíacas.[9] A castanha-de-caju ainda verde (maturi) também pode ser usada nos pratos quentes.
A castanha possui uma casca dupla contendo a toxina Urushiol (também encontrada na hera venenosa), um alergênico que irrita a pele. Por isso a castanha deve ter sua casca removida através de um processo que causa dolorosas rachaduras nas mãos. A castanha também possui ácido anacárdico, potente contra bactérias gram-positivas como Staphylococcus aureus e Streptococcus mutans, que provoca cáries dentárias.
O "Líquido da Castanha de Caju" ou LCC, depois de beneficiado é utilizado em resinas; materiais de fricção; em lonas de freio e o outros produtos derivados; vernizesdetergentes industriais; inseticidasfungicidas e até biodiesel.[10]

Do Brasil para a África e Ásia[editar | editar código-fonte]

Fruto nativo do Brasil, o caju foi levado pelos portugueses do Brasil para a Ásia e a África.[11]
A mais antiga descrição escrita do fruto é de André Thevet, em 1558, comparado este a um ovo de pata. Posteriormente, Maurício de Nassau protegeu os cajueiros por decreto, e fez o seu doce, em compotas, chegar às melhores mesas da Europa. É muito cultivado nas regiões tropicais da América, África e Ásia. Os maiores exportadores mundiais de amêndoa de castanha de caju (ACC) são ÍndiaVietnã e Brasil.[12][13]

Produção[editar | editar código-fonte]

Doce de caju, decorado com castanha, em Campo Maior.
A castanha-de-caju é hoje um produto de base comum em todas as regiões com um clima suficientemente quente e úmido, repartindo-se por mais de 31 países, para uma produção anual, em 2006, de mais de três milhões de toneladas, segundo números da FAO[14](Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação). A área total de cultivo é de 54.570 km²[15], para um rendimento médio de 814 kg/hectare.
Os 10 maiores produtores de caju são, de acordo com a FAO ( dados de 2013, em toneladas):
  1.  Vietnã 1.110.800
  2.  Nigéria 950.000
  3.  Índia 753.000
  4.  Costa do Marfim 450.000
  5.  Benim 180.000
  6.  Filipinas 146.289
  7.  Guiné-Bissau 138.195
  8.  Tanzânia 127.947
  9.  Indonésia 117.400
  10.  Burkina Faso 115.000

Plantio[editar | editar código-fonte]

O terreno para o plantio do caju deve ser ligeiramente inclinado para evitar a erosão, profundo, com pelo menos dois metros de terra, bem drenado, de modo a não empoçar.[16] O solo deve ser fértil e de textura média (barrenta), e de preferência deve ser próximo de uma fonte de água potável.
Na hora de escolher as sementes, deve-se colocá-las em uma bacia com água, e descartar as que boiarem. As sementes têm um poder germinativo de até 12 meses se forem armazenadas em sacos de pano ou de papel.[17]
O plantio deve ser realizado no início da estação chuvosa, e antes de replantar a muda no local definitivo deve-se verificar se a planta possui pelo menos seis folhas maduras e saudáveis.