quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

castanha-do-brasil, castanha-da-amazônia, castanha-do-acre, castanha-do-pará, noz amazônica, noz boliviana, tocari ou tururi

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaBertholletia excelsa
Descrição da castanha-do-brasil em Scientific American Supplement, No. 598, junho 18, 1887
Descrição da castanha-do-brasil em Scientific American Supplement, No. 598, junho 18, 1887
Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável
Classificação científica
Reino:Plantae
Divisão:Magnoliophyta
Classe:Magnoliopsida
Ordem:Ericales
Família:Lecythidaceae
Género:Bertholetia
Espécie:B. excelsa
Nome binomial
Bertholletia excelsa
Humb. & Bonpl.
Sinónimos
B. nobilis Miers
Barthollesia excelsa Silva Manso
Castanha-do-brasil, seca, não beneficiada, com casca
Valor nutricional por 100 g (3,53 oz)
Energia2743 kJ (660 kcal)
Carboidratos
Carboidratos totais12.27 g
 • Amido0.25 g
 • Açúcares2.33 g
 • Fibra dietética7.5 g
Gorduras
Gorduras totais66.43 g
 • saturada15.137 g
 • monoinsaturada24.548 g
 • poliinsaturada20.577 g
Proteínas
Proteínas totais14.32 g
 • Triptófano0.141 g
 • Treonina0.362 g
 • Isoleucina0.516 g
 • Leucina1.155 g
 • Lisina0.492 g
 • Metionina1.008 g
 • Cistina0.367 g
 • Fenilalanina0.630 g
 • Tirosina0.420 g
 • Valina0.756 g
 • Arginina2.148 g
 • Histidina0.386 g
 • Alanina0.577 g
 • Ácido aspártico1.346 g
 • Ácido glutâmico3.147 g
 • Glicina0.718 g
 • Prolina0.657 g
 • Serina0.683 g
Água3.48 g
Vitaminas
Tiamina (vit. B1)0.617 mg (54%)
Riboflavina (vit. B2)0.035 mg (3%)
Niacina (vit. B3)0.295 mg (2%)
Vitamina B60.101 mg (8%)
Ácido fólico (vit. B9)22 µg (6%)
Vitamina C0.7 mg (1%)
Vitamina E5.73 mg (38%)
Minerais
Cálcio160 mg (16%)
Ferro2.43 mg (19%)
Magnésio376 mg (106%)
Manganês1.223 mg (58%)
Fósforo725 mg (104%)
Potássio659 mg (14%)
Sódio3 mg (0%)
Zinco4.06 mg (43%)
Selenium1917 μg
Link to USDA Database entry
Percentuais são relativos ao nível de ingestão diária recomendada para adultos.
Fonte: USDA Nutrient Database
Bertholletia excelsa, popularmente conhecida como castanha-do-brasil,[1][2] castanha-da-amazônia,[3] castanha-do-acre,[4] castanha-do-paránoz amazônicanoz bolivianatocari ou tururi, é uma árvore de grande porte, muito abundante no norte do Brasil e na Bolívia, cujo fruto contém a castanha, que é sua semente.[5] É uma árvore da família botânica Lecythidaceae, endêmica da Floresta Amazônica.

Etimologia e nomes

"Castanha" vem do grego kástanon, por meio do latim castanea.[5] "Tocari" vem do caribe.[6] "Tururi" vem do termo tupi turu'ri.[7]

Nomenclatura

Apesar do seu nome em inglês ("Brazil nut"), o maior exportador da Bertholletia excelsa não é o Brasil, mas sim a Bolívia, onde são chamadas de almendras, ou ainda "noz amazônica" e "noz boliviana". Isto se deve à drástica diminuição da espécie no Brasil, devida ao desmatamento. O nome "castanha-do-pará" se refere ao Pará, cuja extensão no período colonial incluía toda a Amazônia brasileira. Muitos acreanos - por serem os maiores produtores nacionais de castanha - referem-se a elas como "castanhas-do-acre". Alguns nomes indígenas são juvia, na região do Rio Orinoco e em outras regiões do Brasil. Como as castanhas são encontrados em todos os estados amazônicos brasileiros - e não apenas estes, mas também nos demais países amazônicos, como a Bolívia, maior produtora mundial -, a espécie também é chamada castanha-da-amazônia.[8]
Embora seja classificada pelos cozinheiros como uma castanha, os botanistas consideram a Bertholletia excelsa como uma semente, e não uma castanha, já que, nas castanhas e nozes, a casca se divide em duas metades, com a carne separando-se da casca.

Descrição

Castanha com casca
É um fruto com alto teor calórico e proteico, além disso contém o elemento selênio que combate os radicais livres e muitos estudos o recomendam para a prevenção do câncer.
É a única espécie do gênero Bertholletia. Nativa das GuianasVenezuelaBrasil (AcreAmapáAmazonasMaranhãoMato GrossoPará e Rondônia), leste da Colômbia, leste do Peru e leste da Bolívia, ela ocorre em árvores espalhadas pelas grandes florestas às margens do Rio AmazonasRio Negro,Rio OrinocoRio Araguaia e Rio Tocantins. O gênero foi batizado em homenagem ao químico francês Claude Louis Berthollet.
Atualmente, é abundante apenas no Estado do Acre, no norte da Bolívia e no Suriname. Incluída na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais como vulnerável, o desmatamento é a ameaça a sua populações. Nas margens do Tocantins, foi derrubada para a construção de estradas e de uma barragem. No sul do Pará, por assentamentos de sem-terra. No Acre e no Pará, a criação de gado provoca sua morte, e a caça das cutias, que são os dispersores naturais de suas sementes, ameaça a formação de novos indivíduos.[9]
É altamente consumida pela população local in natura, torrada, ou na forma de farinhas, doces e sorvetes. Sua casca é muito resistente e requer grande esforço para ser extraída manualmente.

Características morfológicas

Bertholletia excelsa é uma grande árvore, chegando a medir entre 30 e 50 metros de altura e 1 ou 2 metros de diâmetro no tronco; está entre as maiores árvores da Amazônia. Há registros de exemplares com mais de 50 metros de altura e diâmetro maior que 5 metros, no Pará.[10] Pode viver mais de 500 anos, e, de acordo com algumas autoridades frequentemente chega a viver 1.000 [11] ou 1.600 anos.[10]
Castanheira nas redondezas de Marabá.
Seu tronco é reto e permanece sem galhos por mais da metade do comprimento da árvore, com uma grande coroa emergindo sobre a folhagem das árvores vizinhas. Sua casca é acinzentada e suave.
Bertholletia excelsa.jpg
A árvore é caducifólia, suas folhas, que medem de 20 centímetros a 35 cm de comprimento e 10 cm a 15 cm de largura, caem na estação seca.
Suas flores são pequenas, de uma coloração verde-esbranquiçada, em panículas de 5 centímetros a 10 cm de comprimento; cada flor tem um cálice caducifólio dividido em duas partes, com seis pétalas desiguais e diversos estames reunidos numa massa ampla em forma de capuz.

Fenologia

Floresce na passagem da estação seca para a chuvosa, o que no leste da Bacia Amazônica ocorre de setembro a fevereiro, com pico de outubro a dezembro. Perto de julho suas folhas caem, algumas ficam completamente sem folhas na estação seca. As flores são em grande número, e duram apenas um dia. Os frutos demoram de 12 a 15 meses para amadurecer, e caem principalmente em janeiro e fevereiro. As sementes, quando não tratadas, demoram de 12 a 18 meses para germinar, devido a sua casca espessa.[12]

Reprodução

Bertholletia excelsa produz fruto exclusivamente em matas virgens, já que florestas "não virgens" quase sempre carecem de orquidáceas, que são, indiretamente, responsáveis pela polinização das suas flores.[carece de fontes] A Bertholletia excelsa têm sido colhidas em plantações (na Malásia e em Gana), porém a sua produção é baixa e, atualmente, não são viáveis economicamente.[13][14][15]
As flores amarelas da Bertholletia excelsa só podem ser polinizadas por um inseto suficientemente forte para levantar o "capuz" da flor e que tenha uma língua comprida o bastante para passar pela complexa espiral da flor, como é o caso das abelhas dos gêneros BombusCentrisEpicharisEulaema e Xylocopa. As orquídeas produzem um odor que atrai pequenas abelhas-da-orquídea (espécie Euglossa), de língua muito comprida, já que as abelhas-macho desta espécie precisam deste odor para atrair as fêmeas. A grande abelha-da-orquídea fêmea poliniza a Bertholletia excelsa. Sem a orquídea, as abelhas não cruzariam, e portanto a falta de abelhas significa que o fruto não é polinizado.
Fruto
Se tanto as orquídeas como as abelhas estiverem presentes, o fruto leva 14 meses para amadurecer após a polinização das flores. O fruto em si é uma grande cápsula de 10 centímetros a 15 centímetros de diâmetro que se assemelha ao endocarpo do côco no tamanho e pesa até dois quilogramas. Possui uma casca dura, semelhante à madeira, com uma espessura de 8 milímetros a 12 milímetros, e dentro estão de 8 a 24 sementes com cerca de cinco centímetros de comprimento dispostas como os gomos de uma laranja; não é, portanto, uma castanha no sentido biológico da palavra.
A cápsula contém um pequeno buraco em uma das pontas, que permite a grandes roedores como a cutia e, com menos frequência, os esquilos, roerem até abrir a cápsula. Eles comem, então, algumas das castanhas que encontram ali dentro e enterram as outras para uso posterior; algumas destas que foram enterradas acabam por germinar e produzem novas Bertholletia excelsa.
Fruto aberto
A maioria das sementes são "plantadas" pelas cutias em lugares escuros, e as jovens árvores acabam esperando por anos, em estado de hibernação, até que alguma árvore caia e a luz do sol possa alcançá-las. Micos já foram vistos abrindo os frutos da Bertholletia excelsa utilizando-se de uma pedra como uma bigorna.

Ecologia

Vive preferencialmente nas florestas de terra firme, e cresce apenas onde a estação seca é de 3 a 5 meses.
A densidade da espécie varia muito ao longo de toda a Amazônia, indo de 26 árvores reprodutivas por hectare a apenas um exemplar em 100 hectares. Cogita-se que alguns grupos de árvores devam sua existência a indígenas pré-colombianos.[16]

Produção

Cerca de 20 000 toneladas de Bertholletia excelsa são colhidas a cada ano, da qual a Bolívia responde por 50 por cento, o Brasil por 40 por cento e o Peru por 10 por cento (estimativas do ano 2000).[17] Em 1980, a produção anual era de cerca de 40 000 toneladas por ano somente no Brasil e, em 1970, o país registrou uma colheita de 104 487 toneladas de Bertholletia excelsa.[18]
A produção brasileira caiu a menos da metade entre 1970 e 1980, devido ao desmatamento da Amazônia.

Efeitos da colheita

As Bertholletia excelsa destinadas ao comércio internacional vêm inteiramente da colheita selvagem, e não de plantações. Este modelo vem sendo estimulado como uma maneira de se gerar renda a partir de uma floresta tropical sem destruí-la. As castanhas são colhidas por trabalhadores migrantes conhecidos como "castanheiros".
A análise da idade das árvores nas áreas onde houve extração mostram que a colheita de moderada a intensa coleta tantas sementes que não resta um número suficiente para substituir as árvores mais antigas à medida que elas morrem. Sítios com menos atividades de colheita possuem mais árvores jovens, enquanto sítios com atividade intensa de colheita praticamente não as possuem.[19]
Experimentos estatísticos foram feitos para se determinar quais fatores ambientais podem estar contribuindo para a falta de árvores mais jovens. O fator mais consistente foi o nível de atividade de colheita em determinado sítio. Uma simulação por computador que previa o tamanho das árvores em que pessoas pegavam todas as castanhas coincidiu com o tamanho das árvores encontradas nos sítios onde havia uma colheita intensa das castanhas.

Iniciativas de preservação

Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, a preservação em áreas protegidas, governamentais ou corporativas, é insuficiente, e a tentativa de estabelecer populações novas tem fracassado.
As atividades mais bem sucedidas são as empreendidas por populações nativas, nas reservas extrativistas.[carece de fontes]

Usos

Alimentação

Semente da Bertholletia excelsa após a remoção da casca
As Bertholletia excelsa possuem 18% de proteína, 13% de carboidratos e 69% de gordura. A proporção de gorduras é de, aproximadamente, 25% de gorduras saturadas, 41% de monoinsaturadas e 34% de poliinsaturadas.[20] Possuem um gosto um tanto terroso, muito apreciado em vários países. O conteúdo de gordura saturada das Bertholletia excelsa está entre o mais alto de todas as castanhas e nozes, superando até mesmo o da macadâmia. Devido ao gosto forte resultante, as Bertholletia excelsa podem subtituir frequentemente macadâmias ou mesmo o coco em receitas. Bertholletia excelsa retiradas de suas cascas tornam-se rançosas rapidamente. As castanhas também podem ser esmagadas para se obter óleo.
Nutricionalmente, as Bertholletia excelsa são ricas em selênio, embora a quantidade de selênio varie consideravelmente.[21] São também uma boa fonte de magnésio e tiamina. Algumas pesquisas indicaram que o consumo de selênio está relacionado com uma redução no risco de câncer de próstata.[22] Isto levou alguns analistas a recomendarem o consumo de Bertholletia excelsa como uma medida preventiva.[23] Estudos subsequentes sobre o efeito do selênio no câncer de próstata foram inconclusivos.[24]

Óleo da Castanha

A castanha contem 70 a 72% de óleo doce, de perfume agradável e com gosto semelhante ao óleo de oliveira da Europa. O óleo quando envelhece tem uma cor amarelo-escuro e um cheiro desagradável de ranço.[25] O óleo de castanha é altamente nutritvo, contendo 75% acidos graxos insaturados compostos principalmente por ácido palmítico, olêico e linolêico, além de fitoesteróides sistosterol e as vitaminas lipossolúveis A e E. Extraído da primeira prensagem, pode se obter um azeite extra-virgem podendo substituir o azeite da oliva por seu sabor suave e agradável.[26] A castanha é uma rica fonte de magnesio, tiamina e possui as mais altas concentrações conhecidas de selênio (126 ppm²), com propriedades antioxidantes. Algumas pesquisas indicaram que o consumo de selênio está relacionado com a redução do risco de câncer de próstata e recomendam o consumo da Bertholletia excelsa como uma medida preventiva..[27] As proteínas encontradas na castanha-do-Pará são muito ricas em aminoacidos sulfurados como a cisteína (8%) e a metionina (18%). A presença desses aminoacidos (methionine) melhora a adsorbção de seleninum e outros minerais..[27] O óleo de Bertholletia excelsa é extraído das sementes secas, geralmente por prensagem à frio. O Óleo de Bertholletia excelsa prensado a frio tem um odor agradável, amarelo. A composição de ácido graxos é constituído por ácido palmítico (14-16%), ácido esteárico (6-10%), ácido oleico (29-48%), ácido linoleico (30 - 47). As características físicas são densidade (0,914-0,917), ponto de fusão (0-4 °C), o valor de saponificação (193-202), o valor de iodo (94-106) e insaponificável (0,5 a 1%).[28]

Composição fisico-quimico do óleo virgem

CaracterísticaUnidadeApresentação
Aparência---Líquido
Cor---Amarelo translucido
Odor---característico
Índice de acidezmgKOH/g< 20,0
Índice de peróxido10 meq O2/kg< 10,0
Índice de IodogI2/100g90 - 110
Indice de saponificaçãomgKOH/g180 - 210
Densidade25 °C g/ml0,910 - 0,925
Indice de refração (40 °C)---1,4600 - 1,4800
Ponto de fusão°C4
Óleo virgem da castanha-do-brasil

Composição dos ácidos graxos

Ácido palmitico% Peso16,00 - 20,2
Ácido palmitoléico% Peso0,5 - 1,2
Ácido esteárico% Peso9 - 13,0
Ácido oléico (cis 9)% Peso36 - 45,0
Ácido linoléico% Peso33,0 - 38,0
Saturado%25
Insaturado%75

Medicinal

O chá da casca da Bertholletia excelsa é usado na Amazônia para tratamento do fígado, e a infusão de suas sementes para problemas estomacais.
Por seu conteúdo em selênio, a castanha é antioxidante.
Seu óleo é usado como umidificador da pele.[29]

Uso cosméticos e alimenticios

O óleo da sementes são muito ricos em proteínas por isso constitui um produto de grande valor alimentício. Além disso, o óleo da Castanha-do-Pará também é usado para a confecção de cosméticos como shampoos, sabonetes e condicionador de cabelo porque seu uso proporciona maciez, brilho e sedosidade. É usado também como creme de pele que lubrifica e hidrata, deixando a pele macia.[30]

Outros usos

Assim como no uso alimentar, o óleo extraído da Bertholletia excelsa também é usado como lubrificante em relógios, para se fazer tintas para artistas plásticos e na indústria de cosméticos.
A indústria cosmética emprega o óleo de castanha por suas propriedades anti-radicais livres , antioxidantes e hidratantes nas formulações anti-aging prevenindo o envelhecimento cutâneo e é considerado um dos melhores condicionadores para cabelos danificados e desidratados.[31]
A madeira das Bertholletia excelsa é de excelente qualidade, porém a sua extração está proibida por lei nos três países produtores (Brasil, Bolívia e Peru). A extração ilegal de madeira e a abertura de clareiras representa uma ameaça contínua.[32]
efeito castanha-do-brasil, no qual itens maiores misturados em um mesmo recipiente com itens menores (por exemplo, Bertholletia excelsa misturadas com amendoins) tendem a subir ao topo, recebeu o nome desta espécie.

Radioactividade

As Bertholletia excelsa podem conter pequenas quantidades de rádio, um material radioativo. Embora a quantidade seja muito pequena, cerca de 1–7 pCi/g (40–260 Bq/kg), e a maior parte não fique retida no corpo, ela é mil vezes mais alta do que em outros alimentos. De acordo com as Universidades Associadas de Oak Ridge, isto não se deve a níveis elevados de rádio no solo, mas sim ao extremamente extenso sistema de raízes da árvore