Juglandaceae | |||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||
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Género-tipo | |||||||||||||
Juglans L. | |||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||
Distribuição natural da subfamília Engelhardioideae. | |||||||||||||
Distribuição natural da subfamília Juglandoideae. | |||||||||||||
Géneros | |||||||||||||
Ver texto. | |||||||||||||
Sinónimos[2] | |||||||||||||
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Juglandaceae é uma família de plantas com flor, pertencente à ordem Fagales, que inclui 9-10 géneros e cerca de 50 espécies[3] de árvores e arbustos, geralmente de madeira resinosa e odorífera, entre as quais a nogueira-comum e a nogueira-pecã. A maioria das espécies é nativa das regiões temperadas do Hemisfério Norte.
Descrição[editar | editar código-fonte]
As Juglandaceae são uma família, conhecida como a família das nogueiras, que agrupa um conjunto de espécies arbóreas, menos vezes arbustivas, da ordem Fagales. A maioria dos membros desta família são nativos das Américas, Eurásia e Sueste Asiático.
Os membros desta família caracterizam-se pela presença de grandes folhas aromáticas, usualmente de filotaxia alterna, embora opostas em Alfaroa e Oreomunnea. As folhas são compostas pinadas ou ternadas,geralmente com 20–100 cm de comprimento. São espécies de polinização pelo vento (anemófilas), com as flores agrupadas em inflorescências do tipo amentilho.
Morfologia[editar | editar código-fonte]
A família é composta por árvores, em raras ocasiões arbustos, com flores unissexuais, monoicos, raras vezes dioicos, de medula sólida ou perfurada, geralmente ricos em taninos, frequentemente com pequenas glândulas peltadas, de coloração amarela pálida, que ao secarem adquirem aspecto de escamas, e pêlos fasciculados ou glandulíferos.[4][5][6]
As gemas são nuas ou protegidas por catáfilos. As folhas são caducas, raras vezes perenes, de filotaxia alterna, raramente opostas ou verticiladas. A folhas são compostas, pari- ou imparipinadas, por vezes ternadas, pecioladas ou sésseis, odoríferas, com folíolos de enteiros a serrados, sem estípulas.[4][5]
A inflorescência masculina é em amentos, solitários ou agrupados em panículas, em geral laterais, erectos ou pêndulo, inseridos na base dos ramos do ano anterior. A inflorescência feminina também é em amento, com numerosas flores e pêndulo, ou em rácemo com poucas flores e erecto, pelo menos na frutificação, terminal nos ramos do ano. A inflorescência rara vez é em panícula andrógina, com o amento central espiciforme, com todas as flores femininas (ou apenas algumas), as masculinas nos laterais.[4][5]
As flores masculinas são de brácteas inteiras ou trilobuladas, soldadas ao pedicelo e mais ou menos soldadas ao receptáculo. Algumas espécies apresentam 1-2 bractéolas, soldadas ao pedicelo e mais ou menos soldadas ao receptáculo e sépalas, de tal forma que todo o conjunto parece parte do cálice. O receptáculo é mais ou menos plano, curto ou alongado: O cálice apresenta até 4 sépalas, soldadas ao receptáculo e, nesse caso, as brácteas e bractéolas apresentam até 4 lóbulos apicais, mais ou menos irregulares. Os estames, em número de (2)3-50, são sésseis ou quase, de anteras glabras ou pubescentes, deiscentes longitudinalmente. O pólen apresenta 3-9(-16)-poros e é do tipo foraminado ou rugado: Nestas floreso gineceu é vestigial ou inexistente.[4][5]
As flores femininas, de brácteas inteiras ou trilobuladas, com 2(3) bractéolas inteiras ou mais ou menos dentadas ou lobuladas, todas soldadas apenas na base ou até ao ápice do receptáculo e cálice. O receptáculo é mais ou menos cónico ou ovoide. O cálice apresenta normalmente 4 sépalas, embora estas por vezes sejam inexistentes, soldadas ao receptáculo e, nesse caso, a brácteas e bractéolas, normalmente com 4 dentes ou lóbulos apicais, mais ou menos irregulares. Nestas flores os estames de ordinário são inexistentes, raras vezes vestigiais. O ovário é ínfero, unilocular na parte superior, y e com 2, 4(8) lóculos na base. Os carpelos são 2, embora raras vezes 3-4 em algumas flores, são soldados e o estilete tem 2-4 ramos estilares, por vezes muito curtos, com estigmas ao longo dos ramos estilares ou apenas no seu ápice, por vezes pequenos e sub-globosos. O óvulo é de placentação axilar.[4][5]
O fruto é em noz, no qual, ao longo da maturação, normalmente a bráctea ou bractéolas e em alguns casos as sépalas, crescem e permanecem aderentes, por vezes engrossando e formando uma estrutura especializada com 1-3 asas (fruto samaroide). Nalguns casos o fruto é drupáceo, ou uma trima, indeiscente ou deiscente de forma mais ou menos irregular, com casca mais ou menos pétrea, com duas valvas, com 2, 4(8) lóculos na base. Cada fruto contém apenas uma semente, em geral sem endosperma, relativamente grande, com cotilédones quadrilobulados, separados por um tabique perpendicular às 2 valvas e à sua sutura.[6][4][5]
Os frutos das Juglandaceae são frequentemente confundidos com drupas, mas anatomicamente são frutos acessórios porque a cobertura externa do fruto é tecnicamente uma bráctea involucral e por isso não é morfologicamente parte do carpelo. Tal significa que não pode ser uma drupa, mas sim uma noz drupácea. Estas nozes menos comuns dividem-se em dois tipos diferentes: no género Juglans (nogueiras) é uma pseudo-drupa e no género Carya é uma trima.[7]
Alguns frutos são intermédios entre tipos e difíceis de categorizar. As nozes da nogueira-norte-americana (Carya) e as nozes-comuns (Juglans) crescem dentro de uma casca externa. Esses frutos são às vezes considerados drupas ou nozes drupáceas, em vez de verdadeiras nozes no sentido botânico do termo. A designação «tryma» é um termo especializado para drupas desse tipo.[8][9]
Usos[editar | editar código-fonte]
Entre as cerca de 50 espécies que integram a família,[3] estão incluídas várias com importância económica relevante nomeadamente na produção de nozes-comuns (Juglans), pecans (Carya illinoinensis) e hicória (Carya). A noz produzida pela espécie Juglans regia é um dos principais tipos de noz produzidos comercialmente e nível mundial.
As várias espécies de nogueira, e ainda as espécies do género Alfaroa, são importantes na produção de madeiras de grande qualidade. Madeira de nogueira tem sido considerada desde há séculos uma das melhores madeiras para construção de móveis. A nogueira-europeia é encontrada principalmente na Europa ocidental e central de clima mais quente. A madeira apresenta um grão cinza claro de 3 a 7 cm. O cerne é castanho-mate a castanho-escuro, irregularmente atravessado por veios mais escuras de diferentes larguras. As madeiras da França costumam ter um brilho ligeiramente avermelhado e uma aparência particularmente uniforme. A madeira de nogueira-americana é de cor uniforme, arroxeada ou castanho-púrpura. O alburno é amarelado a castanho-claro-acinzentado. A cor da madeira das várias espécies varia consideravelmente e é fortemente dependente da idade e localização. Todos as madeiras de nogueira tendem a dourar e diminuem a cor quando expostos a luz forte. A madeira da nogueira-europeia é mais dura e mais pesada que a das espécies americanas.[10] As madeiras de nogueira são principalmente processados em verniz. Móveis valiosos e nobres são fabricados assim. Mobílias de nogueira americana, de coloração escura, são referidas como sendo de Baltimore walnut.
A madeira de nogueira maciça é usada para soalhos, coronhas de armas e mobiliário. A madeira de nogueira maciça apresenta os seguintes valores paramétricos:
- Peso específico: 0,57–0,81 g/cm³
- Resistência à tração: ZB II100 N/mm²
- Resistência à compressão: 58–72 N/mm²
- Resistência flexional: 119–147 N/mm²
- Dureza pelo método de Brinell com 12 % humidade: H BII = 52 N/mm²
Distribuição[editar | editar código-fonte]
A família Juglandaceae tem sua principal área de distribuição natural situada no Hemisfério Norte, com espécies que ocorrem na América e na Eurásia. A maioria dos géneros tem a sua distribuição limitada a um dos lados do Pacífico, sendo que apenas Carya e Juglans ocorrem naturalmente no Velho e Novo Mundo.
Os géneros Alfaroa e Oreomunnea estão restritos à América, o resto à Ásia. Apenas dois géneros atingem áreas no Hemisfério Sul: Juglans chega ao norte da Argentina, Engelhardia chega até Sumatra, Java e Nova Guiné.
O centro de diversidade da família é no presente o leste da Ásia, mas o centro da biodiversidade fóssil é a América do Norte.
Filogenia e sistemática[editar | editar código-fonte]
A família Juglandaceae foi proposta em 1818 por Augustin Pyrame de Candolle na obra da autoria do botânico germânico Karl Julius Perleb intitulada Versuch über die Arzneikräfte der Pflanzen..., p. 143, publicada em Aarau no ano de 1818 em colaboração com de Candolle. O género tipo é Juglans L..
Filogenia[editar | editar código-fonte]
A aplicação das técnicas da filogenética molecular sugere as seguintes relações das Juglandaceae com as restantes famílias que integram a ordem Fagales:[11]
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Como se deduz do cladograma acima, a família Juglandaceae é o grupo irmão da família Myricaceae. Os dados obtidos com recurso às técnicas da filogenética molecular sugerem as seguintes relações entre os géneros que integram a família:[12]
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Sistemática[editar | editar código-fonte]
Os géneros extantes conhecidos estão agrupados em subfamílias, tribos e subtribos da seguinte forma:[13]
- Subfamília Rhoipteleoideae Reveal
- Rhoiptelea Diels & Hand.-Mazz. 1932[14][15]
- Subfamília Engelhardioideae Iljinskaya 1990
- Alfaroa Standl. 1927 —
- Engelhardia Lesch. ex Blume 1825–1826 (sin.: Alfaropsis; Pterilema Reinw.)
- Oreomunnea Oerst. 1856
- Subfamília Juglandoideae Eaton 1836
- Tribo Platycaryeae Nakai 1933
- Platycarya Siebold & Zucc. 1843
- Tribo Juglandeae Rchb. 1832
- Subtribo Caryinae D.E. Stone & P. S. Manos 2001
- Carya Nutt. 1818 (sin.: Hicorius Raf.; Rhamphocarya Kuang)
- Annamocarya A.Chev. 1941 (por vezes incluído em Carya)
- Subtribo Juglandinae D.E. Stone & P. S. Manos 2001
- Cyclocarya Iljinsk 1953
- Juglans L. 1753
- Pterocarya Kunth 1824
- Subtribo Caryinae D.E. Stone & P. S. Manos 2001
- Tribo Platycaryeae Nakai 1933
A família Juglandaceae sensu stricto é o clado irmão das Rhoipteleaceae dentro da ordem Fagales. Está dividida em duas subfamílias e inclui cerca de 60 espécies repartidas por 8 géneros geralmente reconhecidos, mas a classificação de algumas espécies como géneros independentes está em discussão:[16]
- Subfamília Engelhardioideae Iljinsk.
- Género Engelhardia Lesch. ex Blume
- Género Oreomunnea Oerst.
- Género Alfaroa Standl.
- (Género Alfaropsis Iljinsk. - colocação em género independente não é consensual)
- Subfamília Juglandoideae
- Tribo Platycaryeae Nakai
- Género Platycarya Siebold & Zucc.
- Tribo Juglandeae Nakai
- Subtribo Juglandinae D.E.Stone & P.S.Manos
- Género Juglans L.
- Género Pterocarya Kunth
- Género Cyclocarya Iljinsk.: com apenas uma espécie:
- Cyclocarya paliurus (Batal.) Iljinsk.
- Subtribo Caryinae D.E.Stone & P.S.Manos
- Género Carya Nutt.
- (Género Annamocarya A. Chev. - colocação em género independente não é consensual)
- Subtribo Juglandinae D.E.Stone & P.S.Manos
- Tribo Platycaryeae Nakai
O Angiosperm Phylogeny Group em 2009 elevou ao nível taxonómico de família o género Rhoiptelea Diels & Hand.-Mazz. mas voltou a reintegrá-lo na família Juglandaceae